Cabine mágica

Adoro as Berlengas... lá ao fuuundo...

Ando a ver casas. Não é fácil. Há sempre um pormenor que me lixa. Ou é o chão que não é madeira, ou a sala não tem lareira, ou tem a cozinha com móveis de faia, linha moviflor, com faixa de azulejo amarela para ir buscar o tom ao rodapé. Enfim... costumo dizer que se o pato bravo do construtor tivesse um niquinho de gosto, a obra ficava-lhe mais barata e vendia-a mais rápido.

Nem sempre o mais caro é o mais bonito. É tão simples como isto. Bastava olhar para o futebol: não tenho dúvidas que o Di Maria é muito caro, mas digamos que não tem a cara mais laroca do plantel. Mas o pato bravo não quer saber. “O quê?! Já saiu a última cabine hidromassagem com atendedor de chamadas? Manda vir, e espeta o mono no WC da suite. E agora vamos chamar-lhe Domótica. A casa inteligente.” Mas a cabine ocupa tanto espaço num WC tão pequeno!! “Não interessa, tem atendedor de chamadas, porra!”

Quem é que não sonha, entrar de manhã na casa de banho, lavar os dentes, fazer a barba e entrar na magnífica cabine mágica para tomar um duche refrescante, enquanto liga para o chefe: tou?! Bom dia chefe. Só para avisar que tou neste momento a lavar o sovaco, e vou já pró escritório. Se me atrasar, é porque o cotão do umbigo não está a sair com os jactos laterais desta minha nova cabine... ahhh já está! (txxxxxuuuuuuuuuhhhhh – barulho da água do chuveiro). Vou ter de desligar pois tenho o shampoo Dove com estratos de maça e camomila para cabelos sem brilho, a escorrer-me para a boca e tenho receio que me estrague o esmaaaalte dos den...tes.... (piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii – o chefe não quer saber).